sábado, 3 de abril de 2010

Acho que estou ficando velho

Mas só no corpo. Na mente não, ou talvez, quem sabe. É que o corpo apresenta algumas modificações. Não são os cabelos brancos e as rugas que vejo no espelho que indicam a idade. Ele mostra os estragos feitos no corpo, mas não mostra o vigor da alma e da mente. Acho que vou trocar de espelho. Mas outras coisas acontecem e o corpo não me obedece. É um rebelde cheio de dores. Meus amigos me dizem que estou na idade do Condor: com dor na perna, com dor na ;cabeça, com dor nas costas e assim por diante

O meu cardiologista me encaminhou para um teste te esteira e lá fui eu todo apetrechado. Que vexame! Não passei do segundo estágio.Pudera.

Me colocam numa esteira que rola para tras e me mandam caminhar pra frente. Se não caminhar cai. Cai, uai.

Então ele me aconselhou fazer exercícios, fazer caminhadas para melhorar o tônus muscular e fortalecer o coração. Ah coração que me faz sofrer. Ele ama mais do que o corpo agüenta. Quando era criança tive uns probleminhas com ele e fui objeto de preocupação para meus pais e passei a chantagea-los. Quando queria algo já ia dizendo que o “ tolatão “ estava doendo. Graças a isso fui poupado de trabalhos pesados

As caminhadas estavam difíceis de fazer porque não achava horário agradável e nem tempo disponível. Quando a gente aposenta tem todo tempo do mundo para não fazer nada e não encontra-se tempo para fazer o que é preciso.

Um dia tive um rompante de lucidez e me lembrei da velha bicicleta. Eu sempre utilizei dela para minha andanças. Quando estudante saia de bicicleta da Praça Delfim Moreira para onde hoje é o INATEL e ainda dava muitas volta pela cidade. Trouxe- a de trem, despachada com cuidado, de minha cidade natal.

Resolvi reformar a verdinha. Ela foi totalmente desmontada, coloquei um cubo novinho, novas raias. Ficou brilhando de beleza. Mas faltava a campainha que eu queria que fosse original. Fui encontrar em Itajubá, lá perto do mercado. Pronto lá estava ela,bonita, reluzente me convidando para uma volta. A última vez que pedalei foi em 1975. Tive receio de não ter mais equilíbrio e resolvi praticar num lugar bem amplo. O campo de aviação. Tentei montar....que vexame.......as pernas se recusaram a erguer e passar por cima do quadro. Resolvi encostá-la no para choque do carro e trepar nela mas fiquei preocupado se eu caísse e me machucasse seria difícil arrumar socorro no campo de aviação.

Desisti da bicicleta. Ela está encostada numa parede da casa, bonita, luzidia, convidativa. Estou desapontado com meu corpo. As juntas estão ficando duras, só as juntas..... o cérebro não.

E agora que fazer? A bicicleta vai ficar em depressão pois foi reformada para suportar uma boa pedalada. Tadinha . Que faço com ela?

Meus músculos estão cansados, ficaram mais velhos do que eu, e se recusam ao exercício do ciclismo.

Ainda resta a mente lúcida e criativa.

E o coração , desentupido e cheio de amor.

É a vida. Alguém certa vez disse que a gente fica velho quando perde a capacidade de sonhar.

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