segunda-feira, 7 de março de 2011

A Menina e a Estrela






LAURA, na inocência de seus poucos anos não compreendia o que estava acontecendo. Nunca vira tanta gente junta, só pela televisão, nos programas que assistia ou nos filmes.

O pai estava deitado , quietinho, dormindo sem roncar e sem gemer. Mamãe lhe disse que papai foi para o céu e se transformou numa estrelinha.
 Ela gostava de olhar o céu e ver as estrelas. Era muito bonito ver aquela porção de luzinhas piscando , lá no alto, como se fossem olhos abertos para ver o que ela estava fazendo aqui em baixo. Agora papai era uma dessas estrelas e ia ficar lá em cima olhando para ela. Mas ficar lá em cima não era a mesma coisa do que ficar aqui em baixo, juntinho dela, abraçando-a e lhe dando presentes. Ela tinha muitos presentes que quase todo dia o papai lhe trazia. Ela gostava de ganhar presentes e os guardava com carinho, com zelo naquele quartinho especial que para isso fora reservado. Todos os brinquedos eram bonitos, bonecas, bichinhos, velocípedes e até a bicicleta. Poxa, como era gostoso andar de bicicleta, ela já nem precisava das rodinhas laterais que não a deixavam cair.Agora já tinha equilíbrio e pedalava sozinha, sem medo e com firmeza. Era delicioso ouvir os aplausos de papai e mamãe pela capacidade de pedalar sem cair.

Ela se sentia feliz quando papai a pegava no colo, beijava lhe o rosto e dançava com ela, mesmo sem música alguma a tocar. Mas ela ouvia uma música sim, uma música que vinha lá do fundo do coração e que ela não sabia explicar.Algum dia ela iria dançar de verdade, igual a gente se vê na televisão, naqueles filmes bonitos, de príncipes e princesas. Seu pai seria o rei, a mamãe a rainha e ela a princesa. Era assim que se via nos filmes, era assim que ela queria fazer.

Mas agora papai partiu, foi para o céu, está lá longe e vai demorar para voltar. Embora a estrela fosse muito bonita, muito brilhante, cheia de luz, ela preferia que ele ficasse junto dela. Lá longe não dava para dar um abraço, beijar seu rosto e dançar juntinho. Lá longe ele não veria ela andar de bicicleta, pois de dia as estrelas foram dormir.

É por isso que a noite, quando todos estão dormindo, ela abre a janela do quarto e fica contemplando as estrelas no azul escuro do céu. Uma daquelas é o papai. Deve se aquela que mais está brilhando e é muito bonita.

Mas o coração fica apertado numa dor esquisita e os olhos ficam cheios de água e então ela pede:


- Volta papai. O senhor está muito longe e eu quero lhe dar um beijo e brincar de cavalinho.

- Volta papai. O meu coração está apertado de saudade


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