segunda-feira, 2 de maio de 2011

2 DE MAIO, 190 ANOS DE PRESENÇA E BENÇÃOS DA IMAGEM DE SANTA RITA






Estamos a comemorar este ano 190 anos de posse da imagem de Santa Rita de Cassia. Não há duvida de que é um momento de alegria e felicidade por tantas bênçãos que nossa padroeira tem alcançado para nós.

A história da chegada e fixação da imagem em nossa terra é singela e até mesmo poética com o colorido das bênçãos de Deus.

Houve uma época, 1808, em que a família real de Portugal veio para o Brasil fugindo dos ataques de Napoleão Bonaparte. Com a queda de Napoleão, os países que ele tinha conquistado voltaram a viver sua vida independente.

Como a família real estava no Brasil os espanhóis tentaram tomar Portugal para eles, e houve lutas sangrentas entre portugueses e espanhóis e muitos portugueses se entregaram aos invasores aceitando o domínio. Uma região fronteira a Espanha se conservou fiel ao governo português e por isso seu povo foi perseguido, caçado e aprisionado. Muitos fugiram para o Brasil amparados pela proteção de D, João VI que agora era o rei de Portugal.

D. João resolve trazê-los para o Brasil. Em 1815, vieram cerca de 300 refugiados oriundos da serra de Gerez ( Vimiato, Badajos e Olivença). Entre eles vinha o casal José Manoel da Fonseca de 45 anos e Janubeva Maria Martins da Fonseca, 28 anos, com dois filhos Antonio, 16 anos, e Rita de Cássia, 12 anos.

Traziam em sua bagagem, cuidadosamente escondido da sanha dos aventureiros, uma pequena imagem de Santa Rita de Cássia, obra portuguesa em madeira. Aportaram no Rio de Janeiro e dali o casal e filhos optaram por Minas Gerais vindo residir na vila de Baependi.

Com os recursos trazidos de Olivença foi adquirida uma propriedade com ponto de negócio. Manoel, por ser de poucas letras, se encarregou da horta que fizera no terreno dos fundos da casa e seu filho Antonio ficou com a responsabilidade do comércio de coisas e gêneros da terra.

O comércio prosperou e após seis anos de propriedade no comércio eles partiram em busca do sonho de ter uma gleba de terra só para eles. Além das economias de seis anos, eles contavam também com a promessa que D. João fizera aos desalojados do Contestado. Cheio de esperança partiram a procura de um rincão aplausível.

Quando a família de Manoel da Fonseca chegou nesta parte da Mantiqueira encontrou uma razoável população No entanto nem toda a terra tinha dono, pois uma fatia devoluta de cerca de 500 alqueires ainda estava sem posse. Era terra da vertente do ribeirão do Mosquito, caminho e pousada de índios e escravos foragidos que se acampavam perto da lagoa do Bicho. Acima da lagoa foi construído, mais tarde, um ponto dos barqueiros, em frente ao Pouso Danta ( atual fazenda Santa Rita ).

Foi nessa terra que se estabeleceu Manoel da Fonseca - cuidando de cultivar a terra e fazer comércio com os habitantes da região.

A terra era boa, o clima salutar,água em abundância. Pequeno vale na região em que os índios Tupinambas chamavam de sapucahy. Há duas interpretações para a palavra sapucaí: uma é ”água que chora” originada da lingua indígena “hy” significa água e “sapuca” que significa choro; outra interpretação está baseda no dicionário do Pe. José de Anchieta e significa “água que grita”, tanto por causa das cacheiras existentes na cabeceira do rio , como também por causa dos inúmeros salgueiros chorões em suas margens remansadas.

O trabalho na terra e a proximidade de muitos brejos adoeceram o corpo cansado de um homem de mais de cinqüenta anos e sua esposa, devota piedosa de Santa Rita promete lhe um quinhão de terra e uma capela, em favor da saúde de Manoel. Recuperada a saúde, Manoel José da Fonseca fez vir a sua presença o Alferes João Pedro Lima, pedindo-lhe que redigisse um documento de doação de terra para a ereção de uma capela em louvor à Santa Rita. No dia 2 de maio de 1821 Manoel José da Fonseca e Janubeva Maria Martins lavram a doação de oito alqueires de terra para se edificar a Capela de Santa Rita. A doação foi feita de forma solene, tendo como testemunhas os mais renomados proprietários de terras como o capitão Braz Fernandes Ribas dono de extensa sesmaria, o Capitão Manoel Joaquim Pereira, João Pereira de Lima e Francisco da Palma.

Enquanto não se construía a capela a imagem ficou no oratório da residência do capitão Braz Fernandes Ribas que possuía a regalia eclesiástica de ter uma pia batismal, e onde se celebravam as Missas na visitação paroquial, principalmente do Pe. Mariano Accioli de Albuquerque

No dia 22 de maio de 1825, quinta feira do tempo comum, o padre Mariano Acioli de Albuquerque, vigário de Santa Catarina, atual Natercia, benzeu a capela e celebrou a primeira Missa. A Imagem foi trazida em procissão e cantoria, pelos habitantes da região, desde a sede da fazenda do Mosquito, residência de Manoel. Foi a primeira festa de Santa Rita. A procissão que trazia a Santa demorou uma hora pelos caminhos pois todos queriam tocar a Santa, ofereciam alimentos, vinténs e patacões. Nascia, nesse dia, o arraial de Santa Rita.