quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Experimentar para conhecer

Há certos momentos ou certas épocas do ano em que minha casa fica cheia de gente, é o Natal, a passagem de ano, o carnaval. Pode ainda ser qualquer outra desculpa, como um simples aniversário, para que todos acorram para esta cidade e para nossa casa. Aí a rotina de ser apenas eu e minha esposa é quebrada. A casa fica cheia de sons, risos, músicas diferentes, brincadeiras. Não se tem hora para o banho, para café da manhã e nem para as refeições. Tudo fica alvoroçado. São momentos de muita alegria, de confidencias, de projetos. Os homens no quintal jogando um truquinho, bebericando uma cerveja e contando vantagens. As mulheres deitadas na nossa cama, todas juntas, mãe e filha e netas, colocando a fofoca em dia. A alegria e a felicidade brilham nos olhos de todos.

Meu neto vem da capital paulista e traz com ele um amigo que nunca veio ao interior, nunca viu uma galinha e não conhece um chouriço.

Lá em Cachoeirinha tudo era novidade para ele e se deslumbrava como uma criança no dia de Papai Noel. Meu neto foi seu cicerone, seu anfitrião e foi lhe mostrando as maravilhas da terra, aqui um pé de caqui, acolá a laranjeira, mais além as pereiras eretas e solenes, valentes guardiães com as lanças erguidas em posição de marcha. O rapaz tirava fotos alvoroçado com as descobertas como se fosse um novo bandeirante. As pitangas o encantaram. Nunca tinha visto aquelas frutinhas vermelhas parecendo pequenas abóboras e queria saber de seu sabor.Nenhuma explicação era elucidativa e só quando provou um fruto é que ficou conhecendo seu sabor.

A doçura cabocla da frutinha ativou sua papilas, encheu de sabor a boca e explodiu nos olhos maravilhados pelo encanto.

Conheceu pela experiência.

Não foram as palavras que lhe revelaram o sabor escondido , mas for o encontro com o fruto que o revelou.

Não poucas vezes procuramos o conhecimento de Deus pela literatura, pela decodificação de tantos teologias, pelo saber de muitas idéias e não percebemos que jamais iremos conhece-lo se não O experimentarmos por um contato pessoal e intimo, se não sentirmos o seu sabor dentro de nosso coração.