domingo, 25 de dezembro de 2011

Assim vai ser, e assim será



Não consigo entender o mecanismo das emoções, porque vem, para que vem e o que elas são realmente. Só sei que posso senti-las, algumas calmas, serenas, como a brisa que empurra o dia para traz dos montes, outras são violentas, amedrontadoras como a tempestade de raios e trovões. São tatuagens que carrego visíveis em meu corpo e na alma, exposta nos olhos e nos lábios. No fundo do baú, num escuro que presumo que nunca será alcançado, escondo mágoas e maldades, e tranco essas emoções com medo de fantasmas. Dá vontade de passar uma esponja e apagar certos acontecimentos, ou então fechar os olhos e mentir que foi sonhando, sonhando um pesadelo.

Todas as vezes que vou à Chácara do Ipe volta a minha memória o acidente de meus familiares, carregado com a mesma emoção do dia do acontecido. Não importa as orações que tenho feito ou as conversas em torno da mesa da cozinha, não importa saber que eles estão salvos, se restabelecendo com segurança, não importa entender que Deus agiu de forma extraordinária, fazendo o milagre da Vida. A emoção não acredita em racionalização e irrompe enérgica como o tigre que sai da toca e salta sobre a vítima. Como novo Adamastor com “ rosto carregado, a barba esquálida, os olhos encovados e a postura medonha e má, a boca negra e os dentes amarelos”, com seus olhos vermelhos e, a fauce escancarada, arrasta consigo um turbilhão de recordações, que embaralham os sentidos. A cena é toda revivida, detalhe por detalhe, dor por dor. Sei que vou superar, com a benção de Deus, o sentido doloroso desse acontecimento e deixar que a memória, a recordação, flua calma como o dia depois da tempestade.Vai restar a lembrança do que houve, o registro da memória não se apaga, mas a emoção de dor e sofrimento desaparecerá. É como olhar para uma faca e saber que ela já me cortou, mas que agora eu a domino com mais precaução.

E Assim vai ser, e assim será

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Natal começou quando Maria disse SIM.




No momento em que o anjo visitou a donzela orante, no momento em que ela, respeitosa à vontade de Deus, deu o seu consentimento, houve uma grande modificação no mundo. Como um raio que percorresse o espaço, da terra e do céu, carregando em sua energia a promessa de Paz e de Vida, o SIM, pronunciado como oração, envolveu e revolucionou a humanidade. A partir dele o antigo deu lugar ao novo, as trevas foram afastadas pela luz e o dia da glória, o dia do Senhor apontou radioso no horizonte. Maria entrega a Deus a sua humanidade, humilde e criada, para que Ele a enobreça. Foi necessário que Deus se fizesse carne para que nossa carne pudesse entender a mensagem que vinha sendo anunciada desde a criação do mundo. O sim murmurado em prece é uma melodia que percorre todos os quadrantes e vai explodir na manjedoura de Belém no solene canto dos anjos que anunciam que o sim se tornou Deus e Deus se tornou homem. Jesus assume sua humanidade em todas as circunstância e etapas da vida afim de santificar todos os momentos da vida.

Antes de aparecer sua humanidade, antes do nascimento em Belém, o Amor já existia, pois ele é eterno, e estava nEle sendo Ele, mas poucos acreditaram porque estava oculto. Mas agora ele se revelou, manifestando-se na humanidade e a Paz se tornou realidade. Que mistério maravilhoso de um Deus criador que se utiliza de sua criatura para se fazer filho. Maria é mãe verdadeira de um Deus que é seu filho, embora sendo Ele o seu criador. Como pode Deus Criador, que não tem princípio e nem fim, sair da profundidade infinita das coisas não criadas e vir se estabelecer, como filho, descendente e dependente, de uma carne, sujeito a ter fim. Já que transporta em seu seio um Deus perfeito, Maria foi um templo sagrado, resvalando para o divino sem deixar de ser humana.

Não há dúvida de que o amor que levou um Deus a se encarnar na humanidade foi muito forte e Ele teve que lutar contra os desafios de um inimigo que tentava destruí-Lo. Esse inimigo, o separador, di-abolo, não sabia onde estavam os limites de sua humanidade e de sua divindade.