sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Presente do Índio






Os europeus encontraram a América povoada por um povo de pele bronzeada e olhos puxadinhos. Pero Vaz de Caminha, o primeiro a descrever os índios do Brasil disse que eles eram “ belos, bem feitos, de boas feições e pardos a maneira de avermelhados. Não existia, ainda, o vocábulo bronzeado, a cor trigueira dos freqüentadores do sol. Muitos foram os cronistas e viajantes que descreveram os costumes e o tipo de nossos primitivos habitantes, muito deles impressionados pela liberdade selvagem desses costumes que apresentavam a nudez como coisa natural e espontânea. Caminha narra a surpresa que causou nos navegantes a presença de mulheres ‘ novinhas e gentis, com os cabelos mui pretos e compridos pelas espáduas e suas vergonhas tão altas e cerradinhas, e tão limpas de cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não se envergonhavam”. O que para o europeu era tido como vergonha, para o habitante puro e inocente era apenas um comportamento natural e não libidinoso, e o próprio Caminha conclui que eram “ puros e inocentes”.

A liberdade aberta pela lonjura de sua terra e a índia sensual de corpo nu e atraente encorajaram as uniões. E os abusos sexuais. Por essa razão cinco tripulantes desertaram percebendo que a terra era um convite à vida solta em que tudo era permitido.

Paulo Prado no livro Retrato do Brasil, comenta que “ o indígena era um animal lascivo, vivendo sem nenhum, constrangimento na satisfação de seus desejos carnais.”

Américo Vespucio disse que eles “ tomam tantas mulheres quantas querem, e o filho se junta com a mãe, e o irmão com a irmã, e o primo com a prima, e o caminhante com a que encontra..”e faziam isso tão naturalmente que não se pode dizer que era pecado. Aqueles que ocupavam posição de destaque na aldeia, o Cacique, o Pajé, e o melhor guerreiro, costumavam ter quantas mulheres achassem necessárias e freqüentemente as virgens eram propriedades do Pajé. Foi num ambiente assim que chegaram, em 1565, os Padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, em Iperoig, atual Ubatuba, para negociar a paz com o cacique Cunhambebe chefe dos Tamoios. O nome Ubatuba significa "canoa grande" por causa da canoa em que eles viajaram  para o Rio de Janeiro.   Os franceses, com o apoio desses tamoios, tinham invadido a região do Rio de Janeiro e era necessário que os índios retirassem seu apoio. A paz foi estabelecida, o apoio aos franceses foi retirado, não sem antes o Pe. Anchieta sofrer um cárcere cruel numa cabana na praia, enquanto Cunhambebe e Manoel da Nobrega navegavam para o Rio a fim de negociar os termos da Paz com Estácio de Sá. Foi aí nessa praia de Iperoig  que o padre escreveu, em latim, o Poema a Virgem.
Para se redimir do cárcere e dos maus tratos, o cacique Cunhambebe ofereceu ao Pe. Anchieta a mais nova e mais bela mulher da aldeia, e ficou zangado pela recusa da oferta, e não acreditou nos votos de castidade dos Pajés dos brancos, pois o da tribo podia ter quantas ele quisesse.




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